Natal, a luz da esperança

01/12/2020

A palavra "Natal" vem do latim "natális", que deriva do verbo "nascor". Natal significa nascimento. Compreendemos o nascimento como sendo o início de algo, mais propriamente, de uma vida. Ah, a vida! O sublime milagre realizado pelas mãos do Criador. Sua obra mais plena. Aquele que vive por todo o sempre desejou dotar de vida também aqueles que criou à Sua própria imagem e semelhança. "Então, o Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente". (Gn 2,7). Vida! Intrigante mistério do qual muitas vezes buscamos entender o sentido. Fixamos muito o olhar em tudo o que pertence a este mundo, a esta vida. Em tudo o que é transitório e passageiro. Pouco pensamos na eternidade, na verdadeira vida. Se, por vezes, encontramo-nos presos às realidades e aos desafios desta vida, como compreender o desejo de um Deus que vem a este mundo e vive como nós? Eis a beleza da vida! O nascer, por natureza, nos remete ao belo. Traz para dentro de nossos corações a alegria. Como é esperada pelos pais e por toda a família a chegada de uma criança. Quão feliz se encontra o agricultor ao ver o florescer de suas plantações. Imensurável é o encanto de contemplar o alvorecer. Difícil é expressar a grande alegria dos céus e da terra pelo nascimento do Salvador. Ora, o natalício de Jesus deve ser visto como o mais belo de todos. O espírito natalino sempre enobrece nossos sentimentos. É aquela época do ano em que a paz parece reinar. É bonito ver as famílias se reunindo para celebrar a chegada do Deus Menino. Porém, devido a fatores que fogem de nosso controle, neste ano, os acontecimentos tomaram um rumo diferente. Como bem celebrar a santa festa do Natal de Jesus em um momento tão conturbado para a vida humana?

Caros irmãos e irmãs, somos instruídos pela Santa Igreja acerca da expectativa vivida pelo povo de Deus na época do nascimento de Jesus. A chegada do Messias era muito esperada. Como diz a bela canção do tempo santo do Advento, "Quando virá, Senhor, o dia em que apareça o Salvador e se efetue a profecia: 'Nasceu do mundo o Redentor'"? Éramos tomados por um grande sentimento de vigilância. Esperávamos ansiosos pela luz que estava por vir para alumiar nossos caminhos. Conjugo o verbo neste tempo pois somos este mesmo povo. Povo de Deus, a Sua Igreja. Podemos facilmente fazer uma comparação e perceber que, assim como no tempo do nascimento de Jesus, vivemos no tempo presente dotados de uma grande esperança por dias melhores. Aproxima-se o tempo de celebrarmos o Natal de Jesus. Para todos nós, será um Natal diferente: de um ano em que os sorrisos foram quase inexistentes e, quando apareciam, ficavam escondidos atrás de máscaras. Foi preciso que aprendêssemos a sorrir com os olhos. O Natal de um ano em que, para muitos, amar significou estar distante. O Natal de um ano em que a humanidade se viu desprotegida de um inimigo oculto, mas de grande força. Que mais do que nunca, o Natal deste ano traga para todos nós a luz da esperança! Esperança de um povo que confia em seu Senhor. E que, interiorizando esta esperança, reconheçamos o quanto somos pequenos. Mas também entendamos que, mesmo sendo pequenos, podemos ser grandes. Santa Teresinha do Menino Jesus nos ensina que é na pequenez que somos grandes e agradáveis aos olhos de Deus.

Neste mesmo contexto de simplicidade e pequenez, podemos relembrar uma pequena e bonita história contada pelo Papa Francisco na Missa do Galo do ano passado: 

Sabemos que no nascimento de Jesus, os pastores acorriam até a gruta de Belém para contemplar a chegada do Deus Menino. Conta-se que estes pastores ofereciam a Jesus todos os dons que possuíam ali. Alguns doavam algo precioso, outros o fruto do trabalho do dia. Enfim, procuravam oferecer de coração algo que pudesse ser de valia para o Menino e para seus pais. Porém, dentre os pastores, havia um que não tinha nada. Era muito pobre. E percebendo que, diferente de seus companheiros, não tinha nada para ofertar, sentiu vergonha e ficou num canto à parte, apenas observando com atenção cada movimento da pequena criança que acabara de chegar ao mundo. Em um certo momento, São José e Nossa Senhora sentiram dificuldade em receber todos aqueles dons que os pastores ofereciam com grande generosidade. Especialmente Maria que segurava em seus braços o Menino. Então, vendo de mãos vazias aquele pastor, a Mãe pediu que ele se aproximasse e, assim, colocou-lhe nos braços Jesus. Ao receber Jesus em suas próprias mãos, aquele pastor se deu conta de que segurava o maior dom da história. Suas mãos que estavam sempre vazias tornaram-se o berço de Deus. Experimentou do amor de Deus através da ternura e delicadeza de uma criança. E, superando a vergonha, começou a mostrar Jesus a todos, pois sabia que não podia guardar apenas para si o mais precioso de todos os dons.

Somos sim, muito pequenos e pobres. Ao ponto de ficarmos indefesos contra um adversário tão pequeno quanto nós. Tão pequeno que nem podemos enxergá-lo. A pandemia da Covid-19 evidencia nossa fragilidade enquanto seres viventes. Entretanto, assim como o pobre pastor da história, precisamos reconhecer que possuímos dentro de nós o maior de todos os tesouros. É Ele que nos fortalece! Acolhemos o Senhor em cada Eucaristia celebrada. Esta deve ser nossa esperança! Que imitando o gesto do pastor, possamos apresentar também aos irmãos que estão à nossa volta esta esperança. Temos a Jesus! Tenhamos, então, esperança!

Quando falamos de Natal, de nascimento, uma figura de grande destaque é a mãe. Neste contexto, podemos perceber no de Jesus mais uma grande beleza. Vemos na cena daquela noite santa, a Virgem Maria. Aquela que deu seu "sim" aos planos do Senhor podendo assim gerar e dar à luz o Filho de Deus. Mãe que temos a alegria de chamar também de Nossa Mãe. Aqui, veneramo-La com o título de Nossa Senhora da Saúde. Peçamos também à Ela, que coloque em nossos corações esta esperança. Que olhando para sua imagem, possamos perceber que Ela traz em seus braços o remédio para todas as enfermidades. Que seu olhar terno e carinhoso de Mãe seja força para aqueles que ainda sofrem com esta terrível doença e também para todos os profissionais da área da saúde. O colo e o carinho de mãe acalmam. Que possamos, então, nos sentir envoltos por esse amor que chega gratuitamente até nós e sejamos sempre consolados pela esperança que também a Virgem Maria vem nos transmitir.

Preparemo-nos para bem celebrarmos o Natal de Jesus, com a participação às Missas do tempo do Advento e celebrando a Novena de em família. Estejamos prontos para o dia santo do nascimento de Jesus. Se tivemos um ano difícil, que na proximidade de seu findar, na festa do Natal, brilhe para nós a luz da esperança. Sejam restaurados em nós todos os bons sentimentos dos quais fomos privados nestes tempos difíceis. Renove-se e se fortaleça a chama de nossa fé. E que se firmem em nossos rostos os mais belos sorrisos vindos da alegria gerada pelo nascer do Deus Menino.

"O povo que andava na escuridão viu uma grande luz". (Is 9,2). 

Feliz e Santo Natal! 

José Antônio Júnior de Sousa

Pastoral da Comunicação 

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