Do lado de cá...

01/02/2021

19 de março de 2020: uma data marcante em nossa história recente. Foi, nesta data, nossa última celebração antes do início da quarentena, por conta da pandemia. Ainda me lembro de dizer, ao comunicar o fechamento da Igreja, que iríamos adotar aquelas medidas para que pudéssemos retornar para as celebrações da Semana Santa: ledo engano! Continuidade da Quaresma, Semana Santa, mês de Maria, comemoração dos 170 anos da Paróquia: tudo foi celebrado sem a presença de fiéis...

Por muitos dias, a Igreja Matriz ficou fechada até mesmo para a visitação. Somente uma imagem, de São Sebastião ou da Virgem Maria, ficava junto à porta principal, diante da qual os que passavam pela praça faziam suas preces. Para as missas transmitidas via rádio ou internet, sempre o mínimo de pessoas, buscando-se evitar circulação, contato e deslocamento de nossos fiéis.

Diante de tudo isso, várias reações: de compreensão, daqueles que, tomando consciência da gravidade da situação, acolheram as necessárias decisões; de indiferença, daqueles que, há muito, já não consideravam importantes a fé, a vivência religiosa e a participação na Igreja; de tristeza e de angústia, dos que sempre encontravam, na Igreja, o alento, o conforto, a luz e a força para seguirem suas lutas; de revolta por não concordarem com as medidas adotadas; de críticas e de reclamações, marcadas pelo desconhecimento das orientações de instâncias superiores que deveríamos acatar.

Infelizmente, foi bem menor o número daqueles que manifestaram preocupação sobre como estavam seus padres. Não se trata aqui de lamuriar, mas simplesmente partilhar que, do lado de cá, também não foi nada fácil. Quando todos estiveram mais junto aos seus familiares, não podíamos mais encontrar os nossos. Quando todos precisavam de palavras de esperança e de apoio, éramos nós que tínhamos que olhar para uma igreja cheia de bancos vazios e dizer aos outros aquilo que nós também necessitávamos ouvir.

Lembro-me ainda, com muita intensidade, da celebração do Domingo de Ramos. Como foi difícil conter as lágrimas ao fazer um processional sem nosso povo para erguer seus ramos e aclamar o Senhor. Como cortava meu coração, olhar para um neo-sacerdote, nosso vigário paroquial, Pe. Leandro, vivendo sua primeira semana santa como padre, nessas condições. Por outro lado, como foi revitalizante, realizar nossas peregrinações com Maria e com o Santíssimo Sacramento. Que emoção, ao reencontrar, mesmo à distância e com máscaras, nosso amado povo, nosso rebanho.

Do lado de cá do altar, haurimos muitas forças para não desistir, aprendemos muito a olhar para nossos irmãos e irmãs, especialmente os que sofrem muito mais do que nós. Do lado de cá, prosseguimos na fé e na esperança, contando com a compreensão e ajuda dos nossos irmãos e irmãs, sobretudo porque mesmo com o retorno da participação dos fiéis nas missas, as restrições e os cuidados precisam ser mantidos. Do lado de cá, agradecemos aos que, de um modo ou de outro, mesmo que não soubéssemos, foram solidários conosco e expressão do cuidado e do carinho de Deus. Do lado de cá, nosso pedido de perdão pelas falhas na gestão dessa situação, e, sobretudo, nossa expressão de comunhão e empatia com os mais necessitados, e nossa sincera gratidão aos irmãos e irmãs, companheiros de luta e caminhada.

Nosso abraço e nossa prece, na esperança de dias melhores, com saúde e paz.


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